Por este andar nem quero imaginar como é que vou estar quando acabar o Verão

Hoje destruí um coelhinho de chocolate que com tanto carinho guardava no meu armário desde a Páscoa. Eu bem tentei resistir – mesmo assim muito já resisti eu! – mas não consegui mais, foi desta. Ainda por cima era daqueles coelhos da Hussel, todos bonitinhos, com enfeites aqui e ali. Todos os dias, assim que abria o armário – porque no que toca a doces, tem de estar tudo muito bem escondidinho, senão vão desta para melhor – lá estava ele, a olhar para mim com aqueles olhos, quase como se dissesse “É hoje, é hoje que me vais dar uma trinca?” E eu acalmava-o e dizia-lhe “Tem calma amigo, ainda não chegou a tua vez”. O pior é que os outros tantos chocolates que estavam lá ao pé do coelho desapareciam á velocidade da luz. Um quadrado, dois quadrados... Lá se acabaram as tabletes de reserva. De manhã abri o armário – e acho que o coelho já pressentia que algo de mau ia acontecer – mas voltei a fechá-lo logo de seguida. Ao final da tarde dei outra espreitadela, ainda numa de "vai ou não vai?" Mas não resisti mais. Peguei no coelho e desfiz o laço que o embrulhava. Observei-o atentamente e, sem pensar em mais nada, arranquei aquilo que estava mais à mão. ‘Tadinho do coelho, até me meteu pena vê-lo sem orelhas. Que sacana que eu sou.

Concerto Jack Johnson

Foi há quanto tempo atrás? Há um ano. Sim, já passou um ano desde o grande, maravilhoso, fantástico concerto do Jack Jonhson. Aqui me confesso admiradora deste senhor, que cativa qualquer pessoa com aquela boa disposição e à vontade. E desenganem-se aqueles que pensam que os concertos dele são enfadonhos. Digo-vos, não são. Podem ser calminhos, muito softs, mas não são enfadonhos. E voltaria a ir a mais um concerto, e outro, e outro. Porque só quem lá esteve, no dia 26 de Junho de 2008, no Pavilhão Atlântico, é que sabe como é que foi, é que pode tirar as suas próprias conclusões. O que acontece é que vai-se para o concerto com uma ideia (errada) e sai-se de lá com uma nova ideia. Eu própria fui para lá numa de "vamos nessa, vai ser numa boa" e eram poucas as músicas que sabia de cor, mas enquanto presenciava aqueles momentos, era como se tudo se fluísse, como se eu soubesse tudo, como se eu já fosse sua admiradora há muito tempo. Realmente o que me deixou triste foi uma reportagem que vim a ler dias depois do concerto, da Blitz (podem ler aqui). Passando completamente em branco essa reportagem (que nem sei se pode ser considerada reportagem, essa sinceramente mete-me nojo e nem sei como é que existem jornalistas destes, isso ainda estou para descobrir), o que realmente interessa é que, aquela noite, vai ficar marcada. Desde a chegada até à saída do concerto, ficou tudo gravado. Valeu a pena todos aqueles longos minutos (mais precisamente cerca de duas horas) passados ao Sol (a trabalhar para o bronze), naquela fila que em pouco tempo se tornou grande. Valeu a pena chegar ao recinto e ocupar o primeiro lugar da fila, mesmo junto às grades. Valeu a pena ouvir aqueles dois cantores de abertura e que, de certa forma, animaram o concerto. E valeu a pena a noite, que por si só se tornou mágica, com a presença do Jack em palco, sempre a sorrir e a falar com o público. Se é simpático? Muito. Se canta bem ao vivo? Tal e qual como no cd, nem desafina. Se é boa pessoa? Não tenham dúvidas. A prova disso são todas as associações que ele apoia e promove na sua tour, relacionadas com o ambiente e a natureza. Boas vibrações foi algo que não faltou naquele concerto, muito ao género de peace&love. Porque o coração dele é assim mesmo.

Uma acção individual, multiplicada por milhões, gera uma mudança global - All At Once.

Pop Art

EVERYTHING IS BEAUTIFUL. POP IS EVERYTHING.
(Andy Warhol)
Tenho medo do passar do tempo. Às vezes receio que este voe e que não o esteja a aproveitar da melhor maneira possível. Tanto tempo já passou. Agora percebo quando me diziam “aproveita, olha que o tempo não dura para sempre”. E é verdade, não dura mesmo. Tenho a sensação que ele anda a passar tão rápido e parece que eu estou a ficar para trás, não o consigo acompanhar. Se existisse algum botão que pudesse parar o tempo, podem crer que eu o premia. Gostava de parar os ponteiros do relógio, o crescimento e as mudanças que se atravessam. Parar o tempo, deve ser algo tão extraordinário. E durante o tempo em que o tempo estivesse parado, eu poderia realizar tudo aquilo que sempre quis, mas que nunca tive tempo. Falta de tempo, que desculpa estúpida. Não quero desculpar-me com isto nunca mais, aquilo que eu desejo é ter tempo para tudo. A vida deve desenrolar-se desta forma: deve haver um tempo para sermos crianças e um tempo para sermos adultos, um tempo para pensarmos e um tempo para agir, um tempo para descansar e um tempo para trabalhar, um tempo para amar e um tempo para nos entregarmos às recordações, um tempo para nós e um tempo para os outros. Tem de haver tempo. Mas eu sinto que o meu anda a escassear...

A minha Mané de sempre

Ainda há tempos estava a falar nela. “Por onde anda a minha Mané?”. Mal sabia eu que, dois ou três dias mais tarde a encontraria. Reconhecia-a de costas, estava a fumar. Já era habitual. “Esperem aqui um bocadinho que eu já venho” disse, e fui ter com ela, a correr. Apareci-lhe por trás e soltei um animado olá. Assim que ela me viu abraçou-me. Daqueles abraços cheios de força e saudade. Deu-me muitos beijinhos e voltou a abraçar-me. Já não a vi há talvez dois anos. Porém, ela continuava igual: o mesmo cabelo castanho – louro encaracolado, a mesma figura, magra como sempre, a mesma boa-disposição. Afinal, nada tinha mudado. Era a minha Mané de sempre. “Oh miúda estás tão gira!”. Abracei-a. “Estou tão contente por te ver Mané!”. E nos cinco minutos que estivemos juntas, pusemos a conversa em dia assim à pressa e combinámos uma saída “um dia destes”. “E já sabes, quando chegar a próxima aventura eu aviso-te e vens comigo” disse-me “Talvez Madrid ou assim”. Sorri e quase que apostava que os meus olhos estavam a brilhar. Aventuras, era isso. E boa-disposição. Porque foi com ela que eu passei algumas das melhores férias da minha vida. Abracei-a. “Gostei tanto de te ver, Mané” “E eu a ti Cat, e eu a ti”.

“O destino une e separa pessoas. Mas nenhuma força é tão grande para fazer esquecer pessoas que, por algum motivo, um dia nos fizeram feliz”

Despedidas e Férias

15 de Setembro, primeiro dia de aulas, naquela pequena sala onde a confusão assumia o papel principal. A sala estava cheia, cheia de caras novas que nunca tinha visto na vida. Dos 29 que lá estavam conhecia cerca de três ou quatro. Todos pareciam dar-se bem, mandavam bocas e diziam algumas piadas. Eu era a intrusa, eu e mais uns quantos que vinham de escolas diferentes. Nunca é fácil mudar de escola, eu sei.

Segunda-feira, 15 de Junho, exactamente após 8 meses desde o começo das aulas. Ali estava eu, naquela sala, a mesma do início. Olhei para trás e as cadeiras estavam vazias, já não havia agitação e as caras já não me pareciam assim tão novas quanto isso. De 29 restavam 15. Fechei os olhos e pensei em todos os momentos por que passei ao longo do ano, com aquelas pessoas que ajudaram na construção do meu 'eu'. Nem houve tempo para as despedidas, mas custou-me, custa sempre. Se eu não me agarrasse tanto às pessoas, talvez isto me passasse em branco, mas comigo não dá. Vivo muito a pensar no passado e talvez seja este meu modo de viver que me faz ter tanto medo do futuro. Mas a vida é mesmo assim, uns ficam e outros vão.

Agora, não vou pensar em mais nada, a não ser no Verão, no mar, na praia, nos gelados, nas férias que eu tanto mereço. Que venham elas, porque para o ano há mais caras novas para conhecer (e ainda não sei se isto é bom ou mau).

As pessoas não se querem morenas coisa nenhuma

Estou na fase da contradição, desculpem. Já não quero ser morena, já não. Depois do dia de hoje quero continuar branquinha, com uma cor saudável (tipo o english look que a A. tanto gosta). Estou aqui sentada e mal me aguento. Tenho o rabo dorido, as pernas a arderem-me e os pés a escaldarem. E vocês perguntam-se: os pés? Quem é que apanha escaldões nos pés? Bem, eu que julgava pouco provável apanhar um escaldão nos pés, mudei hoje mesmo de opinião. De um dia para o outro, passei de lagartixa a lagosta. E eu, que queria tanto um tom de pele moreninho (não vermelhinho. Tou pra ver como é que vou conseguir dormir esta noite). E pus protecção, juro que pus. Protegi as minhas sardas com factor 50 e fui renovando a aplicação do protector ao longo do dia. Mas mesmo assim... Pareço uma adepta ferrenha do Benfica, que horror. É desta, nunca mais vou poder ir para a praia. É desta, vou ficar fechada em casa até aos fins dos meus dias. É desta, nunca mais vou poder apanhar sol com risco de apanhar cancro da pele. É o meu fim.
Vou só besuntar-me de after-sun, venho já.
As pessoas querem-se morenas e eu cá quero ficar com um tom de pele meio dourado, meio avelã, meio tostado. Quero ficar morena, quero ter uma cor de fazer inveja (porque farte de sentir inveja da cor dos outros estou eu). Está decidido, este Verão vou tornar-me numa lagartixa e vou passar horas a esturricar ao sol (sempre com protecção, pois claro). Até comecei mais cedo este ano (hoje na praia estava-se tãao bem). Vão ver, em Setembro nem me irão reconhecer de tão morena que irei estar. Vai ser este Verão, prometo.

(O pior é que todos os Verões digo a mesma coisa, que vou passar mais horas na toalha do que no mar, que vou ficar morena, que vou ter uma pele com uma corzinha disto e daquilo. É sempre a mesma promessa. Quem ler isto até pensa "Esta aqui fala fala, mas continua branca como sempre". Até enerva, irra).