O british accent tem muito que se lhe diga. Parece mel. Mal oiço uma palavrinha, uma simples e pequena palavrinha, derreto logo. Adoro. É um dos meus pontos fracos. Isso e British guys (o que vai dar quase ao mesmo, portanto). Ainda hoje apareceu-me lá na praia um jovem casal inglês - se não eram namorados, eram irmãos, ou amigos, ou whatever. Assim que chegou, o rapaz - todo jeitoso por sinal, de pele branquinha e com uma carinha de anjo que contrabalançava com um penteado radical - pousou a tralha toda (lancheira, malas, sacos) e soltou um animado "Holla!", seguindo de um "Do you speak English?" todo meloso. Foi a gota de água. Parei de pensar logo ali naquele momento. Nem consegui responder ao rapaz, tal era o meu estado de nervosismo acompanhado de euforia. Primeiro, nunca me tinha aparecido nenhum inglês a pedir informações ou auxílio. Segundo, como é que eu me iria safar e prestar atenção ao que ele dizia se só estava concentrada naquela pronúncia britânica (e não só)? Terceiro, eu estava com um sorriso parvo estampado no rosto - e devia estar a corar, infelizmente. A sorte foi lá que apareceu o chico esperto do grupo que começou logo a falar com eles e a traduzir, palavra a palavra, tudo o que era dito - o que fez com que o casal pensasse que todos nós éramos uns burros que não sabiam falar inglês, já para não falar do chico esperto que não perdeu tempo nenhum em dizer "They can speak English, but not so good as me. I'm the only one here who can speak english well, blá blá" e outras tretas que fizeram dele o rei. Fiquei fula e cheia de raiva. Só me apetecia mandar calar o gajo que insistia em humilhar toda a gente. Tudo bem, posso não falar inglês fluentemente, mas certamente me safava numa situação daquelas, não sou nenhuma atrasada. Além disso se há coisa que eu sei fazer é improvisar e que remédio tinham eles senão compreender o que eu estava a tentar dizer. Mas discussões à parte, a situação lá se resolveu. A rapariga - que mal abria a boca a não ser para dizer "It hurts" - saiu de lá quase como nova e sem nenhum pico no pé, e o rapaz, todo contente - que só dizia "It's fucking deep, oh shit" - despediu-se de nós com um rápido aperto de mão (achei amoroso). Ainda tive tempo de lhe dizer "I hope she get better", que foi a única coisa que me passou pela cabeça, ao que a rapariga agradeceu, desaparecendo no minuto a seguir.

Porque ainda há pessoas simpáticas e que nos deixam sem fala mal abrem a boca para dizer o que quer que seja na mais-que-perfeita pronúncia britânica. E que também nos deixam com o olhar fixado nelas, mas isso já é outra história.

6 comentários:

  1. Mais uma descrição, imperialista, ou seja, bastante interessante...

    Beijinho.-..

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  2. Podes crer. Eu adoro a voz seca do James Morrison **. Já o era, mas agora tem sido a constante banda sonora dos meus dias.

    Partilhamos o mesmo gosto por british accent :) é como viajar sem sair do lugar por terras de sua majestade :P

    Gostei bastante do teu blog, irei passar por cá sempre que puder :D

    Have fun*

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  3. Fiquei muito comovida com o teu comentário, Cat. Obrigado pela força. Acho que se todos pusessemos o orgulho, a mágoa e a raiva de lado e agissemos assim, inconsequente, espontanea e indeliberadamente - uma vez por outra - seria tudo bem melhor.

    Tenho que te confessar que também adoro o sotaque britânico!
    Já fui abordada na rua por turistas e passo sempre por aqueles três segundos de pânico em que não sei se vou dizer algum disparate, depois lá me desenrasco... É uma questão de hábito. Gostei muito do post! :)

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  4. Eu também adoro o sotaque britânico! É tão bonito e cuidado. Por vezes até acho engraçado.
    Adoro!
    :D

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  5. O british accent é terrivelmente irresistível. O do Hugh Grant então.. e dos McFly, com certeza.

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