Hoje sonhei contigo. Estava eu de saia vermelha e camisa curta branca e tu de calças de ganga clara e t-shirt azul petróleo, que tão bem combinava com os teus olhos azuis. O teu cabelo crescera desde o nosso último encontro. Estávamos juntos e pela primeira vez estava feliz ao teu lado. O meu sorriso era verdadeiro e o brilho nos meus olhos a prova da minha felicidade. Um sinal de que estava apaixonada, por ti, pelo mundo. Íamos em direcção a uma esplanada perto da escola e todos nos olhavam, à medida que caminhávamos pela rua de mãos dadas. O sol iluminava os nossos rostos e a brisa suave fazia esvoaçar a minha saia. Pode parecer uma cena retirada de um filme, mas foi assim, tal e qual, que eu a sonhei. Tu pediste o teu café e eu fiquei a observar-te ao pormenor. Os teus olhos, pequeninos e brilhantes. O teu nariz, longe de ser perfeito mas com uma beleza singular. Os teus lábios finos e vermelhos. A forma como pegavas na chávena do café, a forma como o bebias, captei todos esses teus movimentos e gravei-os na minha memória. Depois pagaste e saíste. Já na rua, junto à entrada de uns blocos de apartamentos, levaste a mão ao bolso traseiro das calças e tiraste um cigarro do maço de tabaco. Ficaste a fumar, de pé à minha frente, e eu sentada nas escadas a observar-te, enquanto falavas comigo sobre o que iríamos fazer durante o resto da tarde, e notei que, também tu, estavas feliz. Sentaste-te ao meu lado após teres acabado o cigarro e segredaste-me ao ouvido o quanto gostavas de mim. E depois beijaste-me.

Os sonhos são estúpidos, são mesmo.